Totò (Antonio de Curtis)
O pedinte
* * *
Na esquina da rua Pia
está um pedinte parado:
ali passa todo o dia
e näo recebe um centavo.
Limpo, correcto, bem digno,
a ninguém estende a mäo;
e passa as horas a fio
com os olhos fixos no chäo.
Ninguém lhe dá atençäo
e näo é por má vontade:
quem está nesta profissäo
terá de ser descarado!
Há outro que eu bem conheço:
Peppino, dito o «sacrista»,
que nunca falha uma igreja,
à espera do fim da missa.
Se lhe dás só cinco réis,
näo esperes gratidäo:
lança-te a moeda aos pés
e roga-te a maldiçäo.
Empresta dinheiro a juro,
em bons hotéis vai jantar,
tem um Mercedes de luxo
e vive num belo andar.
Enquanto o da rua Pia
mísero e envergonhado,
morreu de fome esta noite,
pobre e cheio de dignidade.
(tradução: José Calaço Barreiros)
...
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Go to begin of the document
Go to previous page
Go to next page
Go to the end of document
