Alexandre Herculano
A SEMANA SANTA
Der Gedanke Gott weckt einen
fürchterlichen Nachhar auf. Sein Name
heisst Richter.
SCHILLER
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I
Tíbio o sol entre as nuvens do ocidente,
Já lá se inclina ao mar. Grave e solene
Vai a hora da tarde! O oeste passa
Mudo nos troncos da alameda antiga,
Que à voz da Primavera os gomos brota:
O oeste passa mudo, e cruza o átrio
Pontiagudo do templo, edificado
Por mãos duras de avós, em monumento
De uma herança de fé que nos legaram,
A nós seus netos, homens de alto esforço,
Que nos rimos da herança, e que insultamos
A Cruz e o templo e a crença de outras eras;
Nós, homens fortes, servos de tiranos,
Que sabemos tão bem rojar seus ferros
Sem nos queixar, menosprezando a Pátria
E a liberdade, e o combater por ela.
Eu não! - eu rujo escravo; eu creio e espero
No Deus das almas generosas, puras,
E os déspotas maldigo. Entendimento
Bronco, lançado em século fundido
Na servidão de gozo ataviada,
Creio que Deus é Deus e os homens livres!
II
Oh, sim! - rude amador de antigos sonhos,
Irei pedir aos túmulos dos velhos
Religioso entusiasmo; e canto novo
Hei-de tecer, que os homens do futuro
Entenderão; um canto escarnecido
Pelos filhos dest' época mesquinha.
Em que vim peregrino a ver o mundo,
E chegar a meu termo, e reclinar-me
À branda sombra de cipreste amigo.
III
Passa o vento os do pórtico da igreja
Esculpidos umbrais: correndo as naves
Sussurrou, sussurrou entre as colunas
De gótico lavor: no órgão do coro
Veio, enfim, murmurar e esvaecer-se.
IV
Mas porque sou o vento? Está deserto,
Silencioso ainda o sacro templo:
Nenhuma voz humana ainda recorda
Os hinos do Senhor. A natureza
Foi a primeira em celebrar seu nome
Neste ...
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