Totò (Antonio de Curtis)
O indesejàvel
* * *
Näo sei porquê, se entro numa casa
é como aparecer o gato-pingado.
Sinto pousar-se em mim olhos em brasa
nem há rosto que veja consolado,
e cem línguas eu oiço bichanar:
«Ih como é feio! Que o roam as lombrigas!»
«Eu bem lhe dava um copo de veneno...»
«Quando lhe vejo a cara faço figas!»
«Mais valia em vez dele o próprio demo!»
«Debaixo de um comboio viesse a ficar!...»
Näo sei por que näo podem ver-me à frente
e contra mim se mostram mal dispostos.
Näo sou pária ou leproso, sou agente
fiscal encarregado dos impostos:
o contribuinte deve-me respeitar!
(tradução: José Calaço Barreiros)
...
|
|
|
|
|
|