Salomão Rovedo
MEL
(Poesia)
Rio de Janeiro 2006
ÍNDICE
Mel, pg. 3
Lamentação em dó, pg. 4
Novo, pg. 6
Anjo, pg. 7
Semente, pg. 8
E o não ser, pg. 9
Terra, pg. 10
Pesadelo, pg. 11
Recado pra Davi, pg. 13
Aqui, pg. 15
Salmo do saber, pg. 16
Quem, pg. 17
Vento, pg. 19
Qual dor?, pg. 20
Elegia, pg. 21
Abandono, pg. 22
Asas, pg. 23
Sem destino, pg. 24
Calima, pg. 25
Brisa, pg. 26
Dia, pg. 28
Diário em branco, pg. 29
Álbum, pg. 31
Maré, pg. 32
Construção, pg. 33
A floresta, pg. 34
Pausa, pg. 35
Clube do forró rasgado, pg. 36
Ester, heroína, pg. 40
MEL
Quando a encontrei era só açúcar,
prazer, dança, doce de goiaba e mel.
Um mar de sal e sol para temperar,
vinho branco e, ou, cerveja gelada.
Criação boa à receita de felicidade:
e assim foi o tempo das maresias,
ondas rasteiras, espaços espectrais,
pôres de sol. É verdade: o sol se põe?
Sei que estão pensando que vou falar:
Agora tudo é fel (para rimar com mel),
mas que nada, só a distância atrapalha
a convulsão mansa de nossa pele úmida.
Se for possível, continua doce, mel e mel,
bacuri em calda, condimentos picantes,
sorvete de juçara... Já falei dos lábios?
Ara que boca! Ânsia devoradora, ora...
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LAMENTAÇÃO EM DÓ
Pálpebras cobrem os olhos da alvorada
febris ainda não se levantaram: é noite.
Sinto-me como que nascendo – nada –,
surgindo à porta do ventre de uma mãe.
Haverá um regaço para me acolher,
seios para me alimentar, balangandãs,
um colo para o repouso tranqüilo.
Mas quem esconderá do meu olhar
esta visão de todos os sofrimentos?
Até que o corpo pouse pacificamente?
Até que chegue o descanso? Ventres...
A vida é sopro. Males – jamais deixas
...
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